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Chico Mendes

Por Antônio Thadeu Wojciechowski, Marcos Prado e Ubiratan Gonçalves de Oliveira

Cabeça, tronco e membros fazem um homem,
assassinos, juízes, demônios e santos -
seres - vivos os contrastes: peso, medida, cor.
Mas um homem não é apenas um mero nome,
isso todos têm e os títulos são tantos,
que, em essência, a diferença está mesmo no amor.

Amar é conhecer o chão em que se pisa,
sabedoria que brota pela profundidade das raizes
e vai de coração a coração prestando benefícios.
O sol, por exemplo, com sua irradiação precisa,
entre luz e sombra, matriz de todos os matizes,
sobre tudo brilhando, bons e maus, virtudes e vícios.

Uma Amazônia não cabe apenas num poema,
só mesmo um Deus para defini-la ao certo,
ou um homem que Dele se aproxime e dela faça parte.
Alguém que não prede o seu próprio ecossistema,
pois sendo planta, peixe ave, bicho e não deserto,
sabe que reside dentro de si, intacto, o seu habitat.

Fora, longe do equilíbrio que a tudo regenera,
estão os que só vêem lucro por toda a mata,
com suas armas de fogo, machados e motosseras.
É necessário, aqui, definir o que realmente é fera:
de um lado, aquela que mata na medida exata;
do outro, a que perdeu a noção do que são essas terras.
Chico, incorporado ao espírito da floresta,
não sente mais as balas que lhe atingiram o tronco
e hoje vive como nunca entre gnomos e duendes.
É que a sua vitória régia é a que nos resta
até que seringueiros e índios ensinem ao homem bronco
o que significa para o mundo a Amazônia e Chico Mendes.



Obs.: Chico Mendes nasceu em 15 de dezembro de 1944 e foi assassinado em 22 de dezembro de 1988, uma semana após completar 44 anos de idade. São 24 anos sem Chico. Mas sua luta continua viva através daqueles que acreditam nos seus ideais e no seu legado.


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