Pular para o conteúdo principal

Casa de Chico Mendes é reaberta

Ele defendeu os povos da floresta nas décadas de 1970 e 1980 e tornou-se um símbolo da resistência e da preservação ambiental. A icônica casa onde morou e foi assassinado o seringueiro Chico Mendes recebeu reforço na sua preservação e conservação e foi reaberto no último dia 27 de junho, em Xapuri (AC). Tombada desde 6 de novembro de 2007, a Casa, localizada na Rua Batista de Moraes, passou por obras de restauração que custaram R$ 118.000,00. As intervenções no bem tombado foram aprovadas pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), que contratou o projeto de restauro em 2014. A ação foi interrompida por conta de uma enchente, no início de 2015, quando a Casa ficou parcialmente submersa. Após a licitação, ainda em 2015, o Iphan decidiu por iniciar a obra após o fim do inverno amazônico, período chuvoso que vai de dezembro a abril, para evitar uma nova alagação durante os trabalhos.

O Iphan fez um inventário dos bens móveis e publicou a Portaria nº 134/2016, que dispõe sobre a poligonal de entorno do monumento. A Casa, único bem tombado como patrimônio cultural nacional no estado, representa o local onde o líder seringueiro viveu os últimos anos de sua vida e foi assassinado em retaliação à sua luta em favor do modo de vida das populações da floresta. O objetivo principal da portaria é garantir a preservação da visibilidade da casa de Chico Mendes, desobstruindo as visadas preferenciais. A norma estabelece uma área na vizinhança onde as intervenções serão controladas por critérios específicos. Com a medida, ficam preservadas as relações entre a casa e os meios ambiental e paisagístico, que remetem ao singelo ambiente urbano à época de vida e assassinato do líder seringueiro.

Com as obras, a Casa de Chico Mendes recebe reforço estrutural, com ancoragem dos pilares e amarrações nas junções da estrutura, para que no caso de eventuais novas enchentes sua estabilidade esteja garantida. Foi feita a microdrenagem ao redor da edificação e canalização das águas pluviais para minimizar os efeitos da umidade sobre os pilares de madeira. Além disso, o trabalho envolveu restauro e troca das madeiras que compunham a edificação, e que se mostraram danificadas em face da ação das águas. Por fim, a Casa recebeu pintura nova, e introdução de uma rampa de acesso para garantir a acessibilidade dos visitantes.

Quanto à proteção da área, o perímetro de entorno compreende parte das ruas Dr. Batista de Morais, Pio Nazário, Deocleciano Lago, Benjamin Constant e Major Salinas, com alguns de seus lotes adjacentes. Os critérios que passam a valer dependem da localização específica de cada intervenção. As regras podem incluir manutenção da pavimentação característica das vias carroçáveis em tijolos cerâmicos, controle para a colocação de elementos de infraestrutura, paisagismo, sinalização ou equipamentos diversos, controle na supressão da arborização, limite de altura máximo para edificações variando entre 4,30m ou 8m, dependendo do setor, e recuos obrigatórios, além de restrições específicas para equipamentos publicitários.

Sobre a Casa
Foi na Rua Batista de Moraes, nº 10, Setor 1, Distrito 1, Lote 290, no centro de Xapuri, que o líder sindical e seringueiro Francisco Alves Mendes Filho, o Chico Mendes, passou os últimos dois anos da sua vida dedicado ao movimento de resistência dos trabalhadores locais e à luta contra a devastação da Amazônia.

A Casa de Chico Mendes é um imóvel simples, que obedece a um sistema construtivo tradicional da região, ainda de uso frequente. A casa cabocla em madeira possui telhado em formato de V, de telha francesa, feita com barro. Tem apenas quatro metros de largura e pode ser edificada em menos de uma semana. É todo composta de tábuas verticais, inclusive as portas e janelas.

Singela construção pintada de azul turquesa, guarda um acervo dos objetos pessoais do seringueiro e mantém o mobiliário do momento em que ele morreu por um tiro de espingarda, na noite de 22 de dezembro de 1988, após sucessivos atentados encomendados por fazendeiros locais. O tombamento da Casa de Chico Mendes aconteceu em 2011 e foi importante para garantir a preservação do local, já que a paisagem estava em processo de descaracterização, com a derrubada de algumas árvores e uma invasão urbana no bosque.

Mais informações para a imprensa:
Assessoria de Comunicação Iphan
comunicacao@iphan.gov.br
Fernanda Pereira – fernanda.pereira@iphan.gov.br
Michel Toronaga – michel.toronaga@iphan.gov.br
(61) 2024-5511- 2024-5513 - 2024-5531
(61) 99381-7543
www.iphan.gov.br
www.facebook.com/IphanGovBr | www.twitter.com/IphanGovBr
www.youtube.com/IphanGovBr

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O jacamim

O jacamim mora na floresta, costuma andar de bando com 10 a 15. É uma ave interessante, de cor branca com preto, tem o pescoço comprido, as pernas finas e grandes. Durante o dia anda no chão, porém à noite ele voa para uma árvore alta para dormir, pois assim se sente mais protegido. Ele gosta de esturrar de dia e à noite quando está na dormida. Corre muito na restinga e até no mato cerrado, como no esperaizal e no tabocal. Se alimenta de frutas de copaíba, guariúba, manitê, pama e itaúba; de insetos como formigas, aranhas e besouros, de embuá, minhocas da terra firme, mossorondongo e gongos. Além disso o jacamim ainda se alimenta de animais como a cobra, o sapo e o jabuti. A história do jacamim é quase idêntica à do queixada: por onde eles passam acabam com tudo o que tem pela frente. Apesar de ser um pássaro é muito perigoso para outros animais pequenos. Faz o ninho em paxiúba ou em pau ocado. Põe até 4 ou 5 ovos e sempre quem choca é o casal. Isso acontece no fim do verão. Qua

A vida nas famílias xapurienses (Período de 1940 – 1960)

Nas décadas de 1940 a 1960 as famílias xapurienses tinham seus valores centralizados na educação familiar, escolar e religiosa. A família era patriarcal, conservadora e tradicional. O pai representava a figura central, onde todos deviam temê-lo e obedecê-lo, fazendo aquilo que ele mandava e não o que ele fazia. A figura da mãe era vista como a “rainha do lar” onde tinha obrigações de cuidar bem dos filhos, marido e dos trabalhos domésticos. Cabia somente aos homens trabalhar “fora” e garantir o sustento da família. As mulheres desempenhavam sua função dentro do lar, pois, na vida pública, ainda não havia conquistado os seus espaços. Eram muitas vezes reprimidas de seus desejos, anseios, sonhos vivendo subjugadas às ordens de seus esposos. O pais é que escolhiam a “pessoa ideal” para casar com seus filhos, dependendo da classe social e da família em que estavam inseridos. A maioria dos casamentos se dava por interesse econômico entre ambas famílias. Os filhos, desde cedo, eram e

Xapuri em imagem: Igreja Católica

A centenária Igreja Católica - Paróquia de São Sebastião, clicada por Clenes Alves.